quinta-feira, 30 de agosto de 2007


A noite me engole
E a cada dia ela me mata
no frio sereno que me muta
E a dor de ti me corta a pele

Sinto falta de mim, sinto
falta do aconchego,
desse desassossego
de noites brancas ao meu espírito

A luz da lua toca-me sutilmente
E eu morro, morro
Tanto que sem chão, não corro
E choro serenamente

À noite, me engole
a lua, me devora
Me leva embora, hora
que aqui, de dentro, me escapole.

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Em uma noite sombria, em que em mim eu mal cabia. 30/09/2007




segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Dos olhos, dos desejos e dos pudores



Na utopia de nossas vidas há algo sempre estranho, um sentimento, mas, às vezes não é um sentimento, é um incômodo! Isso, algo tão forte que chega a, em alguns momentos, nos enlouquecer e nos forçar a tomar atitudes que, quando sãos não ousaríamos. É um ímpeto tão forte que nos faz querer atear fogo a tudo, isso sem contar quando nos faz queimar ao próprio semblante de tão incontrolável que se torna! Diariamente experimentamos sensações, diversas, adversas, como um olhar, o qual tratemos pois, aquele cheio de esperança, cobiça, desejo ou erotismo, aquele impúdico ou o mais inocente e infantil mirar. Não somos donos de nós mesmos, a vida em sociedade não nos dá esse direito, podemos tentar até parecer individuais, mas não é uma condição muito possível, o simples ato de olhar o outro retira a individualidade dele, o olhar é tão intenso quanto o sexo, a diferença é que no sexo ainda há um certo pudor cretino, que o olhar esqueçe-se completamente de carregar consigo. O desejo do não visto, a curiosidade, a vontade de explorar cada sentímetro do corpo que se posta diante do examinador, como pássaro, que pelo caçador é espreitado. O jogo da sedução, mera brincadeira infantil é todo realizado no estádio que é o orgão composto por partes dos ossos frontal, maxilar, zigomático, esfenóide, etmóide, lacrimal e palatino e associado a estruturas acessórias: pálpebras, supercílios (sobrancelhas), conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal. Tudo isso é responsável por um rubor na face alheia, e, dos mais timidos,que sempre atiram o olhar ao chão quando desbravados, tais como moças virgens que não querem sentir a castidade ser substituída pela impudicência que vem do pós-gozo, e por serem desnudados tão facilmente é que são os alvos preferidos, enquanto os fogosos, corajosos e altivos encaram, com pose majestral, o seu espreitador, gerando um conflito, Marte contra Venus, iniciando uma guerra, um choque de Deuses imperiosos e nada arredios, numa disputa do não ser e não possuir, e que, no final das contas, depois de feito o tudo, e tal qual sexo, que após toda tensão e selvageria, divide corpos, que, ora unidos e agora opostos, se separam, e guardam tudo in memoriam, essa é a pequena diferença que há do olhar para o sexo, o olhar deixa uma vontade, um tesão não concluído, uma gana por buscar mais daquele outro desejo indesejável e nunca possuído, o sexo, mas este, após o gozo, se esvai e ficam as palavras cretinas atiradas ao ouvido, outro grande responsável por tempestades mas que nos convirá não agora, mas no rompimento das barreiras virginais do silêncio, e é assim, de olhos e de sexo tratando, que no fim das contas olhamos, aquilo que na cama há pouco possuímos, ou aquilo que para a cama cobiçamos.




"Num atordoamento e confusão
Arde-me a alma, sinto nos meus olhos
Um fogo estranho, de compreensão
E incompreensão urdido, enorme
Agonia e anseio de existência,
Horror e dor, [agonia] sem fim! "

Primeiro Fausto, Fernando Pessoa.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Vi em meu quarto uma quimera
Um olhar com fogo de Vênus
Era um lírio a emanar luz
Chegou-me perto o quão pudera

Cingi a mulher pela cintura
Contemplei seu semblante belo
Toquei-na dos cachos o anelo
Beijei-a nos lábios com fervura
Acariciei os ombros, que nus
Incitavam castidade’ardor
Aspirei o perfume da flor
Que nos cabelos logo pus

Então a casta meretriz viu
Que eu apaixonado estava
E, fechando a porta da alcova
Atirou-se ao meu peito viril.

Com devoção amei-a muito
Quando a libido a mim subia,
Apertava-a forte e sorria
Então levei um susto

A minha visão desaparecera
Chorando eu gritava e gemia
Por que roubou minha alegria?
Maldita seja, feiticeira!

Percorri o quarto insanamente
Fitei cada fresta obscura
Buscando de novo a quimera
A quem outrem beijei o semblante

Noites fico só, a divagar
Lamentando a noite mágica
Que só na lembrança me fica,
Que nunca esteve em meu lar.
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Bom , meu nome é Geovani, a.k.a. Heinrich. Sou um Estudante, um visionário, um poeta, um amante, um amigo, um ser humano. Prentedo aqui neste blog, aonde Mefisto toca sua flauta mágica, tentar de tudo, ser poesia, absorver e verter em palavras tudo que puder, mas não trato apenas de um blog poético, tão menos um bla bla bla ecumênico, não tenho eu, sequer, um tratado, e apenas agradeço aos que aqui passaram, e caso hajam trocas ideais/sentimentais/transcedentais, serei feliz em receber e retribuir os comentários. Não sou um revolucionário das causas perdidas, mas um, como acima disse, visionário, e busco no íntimo de minhas palavras, tal para mim vejo, entender aquilo que sou, se isso possível é, ou tentar pelomenos descobrir o que não sou. saudações e espero que gostem do espaço.